12/04/2025
XXVIII Encontro Gaúcho destaca os desafios e avanços da Cardiologia Intervencionista no RS
Evento promovido pelo Departamento de Hemodinâmica da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul reuniu especialistas no Instituto Ling, em Porto Alegre, com foco em inovação, custo e integração multidisciplinar
Imagine a seguinte cena: um paciente chega ao pronto atendimento com dor no peito e histórico familiar de infarto. Em poucos segundos, o médico utiliza um algoritmo de inteligência artificial para analisar os dados do eletrocardiograma, identificando sinais de um infarto agudo e acionando o protocolo de urgência. A tecnologia, nesse contexto, não substitui o olhar clínico, mas acelera decisões que podem salvar vidas. Foi esse cenário — real e cada vez mais comum — que ilustrou um dos principais debates do XVIII Encontro Gaúcho de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, promovido pelo Departamento de Hemodinâmica da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (SOCERGS), em 12 de abril de 2025, no Instituto Ling, em Porto Alegre.
“Trata-se de um encontro já tradicional em nossa sociedade, que se destaca não apenas pela troca de conhecimentos, mas também pelo reencontro entre colegas. Este momento é especial porque permite a abordagem de temas fora do cotidiano do cardiologista intervencionista. A iniciativa integra saberes e amplia nossa percepção sobre a área, ao mesmo tempo em que nos aproxima de outras perspectivas e disciplinas”, destacou o presidente do Departamento de Hemodinâmica da SOCERGS, médico Júlio Vinícius Teixeira.
A programação teve início com a palestra do médico Roberto Botelho (MG), que abordou o papel crescente da inteligência artificial (IA) no suporte ao diagnóstico e à triagem de pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAM com SST) e outras síndromes coronarianas.
“O fenômeno que observamos é impressionante: desde 1965, a capacidade de processamento dobra a cada 18 meses. Hoje, temos sistemas capazes de realizar até um trilhão de cálculos por segundo. Isso permite análises em larga escala, conferindo aos algoritmos uma autonomia que, aliada à criatividade humana, está transformando a prática médica”, afirmou o especialista.
O debate contou com a participação dos médicos Euler Manenti e Oscar Dutra.
Além dos avanços tecnológicos, o evento também explorou as relações entre profissionais da saúde, hospitais e operadoras, com ênfase nos impactos financeiros e éticos da atuação em uma especialidade de elevado custo. A atividade foi mediada pelo médico João Paulo Zouvi. O convidado Fábio Rodrigo Furini (RS) apresentou uma análise sobre a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), tabela de referência da Associação Médica Brasileira que organiza e padroniza os valores dos procedimentos médicos no país.
“No campo da cardiologia intervencionista, o médico pode atuar diretamente com o paciente, em colaboração com o hospital ou por meio das operadoras. Cada formato apresenta desafios próprios, e é fundamental que esses vínculos estejam bem definidos, especialmente diante das recentes mudanças na Lei nº 9.656, que agora exige contratos formais entre prestadores e operadoras”, explicou Furini.
O especialista também ressaltou a relevância do trabalho conjunto entre médicos e instituições, destacando que contratos claros e remuneração adequada são fundamentais para garantir a qualidade do atendimento e a sustentabilidade do sistema.
O encontro foi encerrado com um brunch de confraternização entre os participantes. O evento foi uma realização do Departamento Gaúcho de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, com apoio da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul.
Redação: Marcelo Matusiak
Legenda: Roberto Botelho (MG)
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Palestra de Fábio Rodrigo Furini (RS)
Créditos: Marcelo Matusiak
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Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: XXIII Encontro Gaúcho de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista