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O VI Congresso do Departamento Universitário da Associação Médica do Rio Grande do Sul (DU AMRIGS), realizado neste sábado, dia 18 de outubro, reuniu estudantes de Medicina de diversas universidades do estado para um dia de integração e aprendizado sobre temas que abordaram desde os primeiros passos na carreira médica até os desafios da profissão no futuro. Ao longo da programação, os participantes discutiram o papel da ética na prática médica, o impacto das novas tecnologias, a valorização do diploma e o planejamento financeiro na trajetória profissional. O diretor de Comunicação e coordenador do DU, Dr. Marcos André dos Santos, reforçou a importância da busca constante por aprimoramento.

“Uma vez que escolhemos a Medicina, temos o dever de buscar a atualização do conhecimento de forma constante. Isso é o que irá nos transformar em protagonistas”, afirmou.

A presidente do DU AMRIGS, Isadora Pasini, explicou que o tema escolhido para esta edição, "Carreira Médica: da Base à Excelência", reflete o propósito do Departamento de promover debates sobre o desenvolvimento profissional.

“A excelência médica começa já na faculdade e precisamos sempre lembrar disso. O DU é um espaço contínuo de discussão. A base para a excelência é nunca parar de aprender”, salientou.

Em sua manifestação, o presidente da AMRIGS, Dr. Gerson Junqueira Jr., destacou a parceria da entidade com os estudantes desde a graduação até a carreira médica, além de parabenizar os futuros profissionais pelo Dia do Médico.

“Que cada estudante tenha sempre a AMRIGS como uma parceira nessa jornada, desde a graduação até a carreira médica consolidada. A formação de bons profissionais começa com o compromisso com o saber e com os valores que norteiam a Medicina”, reiterou.

Na mesma linha, o diretor Científico da AMRIGS, Guilherme Napp, completou que a iniciativa demonstra o engajamento dos acadêmicos.

“Esse evento é uma oportunidade de conhecer vocês e, para mim, ver estudantes organizando um congresso dessa magnitude é muito enriquecedor”, destacou.

Painéis destacam a nova carreira médica

A primeira palestra do dia foi conduzida pelo médico ortopedista e professor da Ulbra, Dr. Marcelo Guerra, que alertou sobre a importância de manter o hábito de estudo contínuo e de ouvir profissionais mais experientes. “Hoje, os estudantes de Medicina atingem na graduação cerca de 60% do conhecimento necessário”, afirmou.

Para o palestrante, é fundamental que os médicos cuidem dos pacientes e não apenas das doenças. “Muitos focam no que o laudo do exame mostra, mas temos que buscar o que ele não nos permite ver”, refletiu.

Na sequência, os palestrantes Daniela Medeiros e Thiago Baisch abordaram o momento de transformação da Medicina diante das novas tecnologias e modelos de gestão, enfatizando que o médico precisa se adaptar às mudanças sem perder de vista o cuidado humano.

Proteção à carreira do médico

O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), Dr. Marcelo Matias, comandou o painel “O Valor do Diploma Médico”, destacando a importância de defender o exercício legítimo da Medicina e combater a proliferação de cursos e práticas ilegais na área. Em 2019, o Sindicato criou o Núcleo de Combate ao Exercício Ilegal da Medicina.

“O futuro da profissão depende de garantir aos novos médicos condições adequadas de trabalho, boa formação e remuneração justa. A sociedade irá precisar de vocês. Por isso, é essencial lutar por valorização, formação e adequadas condições de trabalho”, concluiu.

Dinâmica interativa

O turno da manhã encerrou com uma proposta diferente do Núcleo Acadêmico do SIMERS (NAS SIMERS), que trouxe temas sensíveis aos profissionais da área e propôs debates com prós e contras.

Os estudantes da plateia eram convocados a subir no palco e apresentar argumentos a favor ou contrários a temas pré-definidos, na expectativa de estimular o diálogo entre os participantes. Foram debatidos o Exame de Proficiência em Medicina, o diploma médico e o uso de crocs (modelo de calçado de segurança certificado, EPI, utilizado pelos profissionais de saúde por serem confortáveis, fáceis de limpar, e por protegerem os pés de derramamentos ou objetos) no bloco cirúrgico.

A Inteligência Artificial no cotidiano médico

Na parte da tarde, o médico Otávio Cunha conduziu uma reflexão sobre o impacto da inteligência artificial na rotina médica, analisando quais processos poderão ser facilitados e quais continuarão exigindo o olhar humano.

“O médico vai precisar seguir conversando com o paciente e trabalhar de maneira multidisciplinar”, pontuou.

Para ele, com a evolução das tecnologias, parte do conhecimento técnico pode se tornar secundário, abrindo espaço para o desenvolvimento de outras habilidades. Possivelmente, o conhecimento que era adquirido não será necessário e existirão alternativas para aprender outras coisas.

Finanças da carreira médica

A temática foi conduzida pela Unicred, que promoveu um bate-papo sobre planejamento financeiro na trajetória profissional. Com o apoio de dados e gráficos sobre juros, previdência e investimentos, a representante Juliana Daitx destacou a importância de iniciar ainda na graduação.

“Quanto mais cedo começar, mais se economiza e melhor se garante qualidade de vida no futuro”, reforçou.

Secretaria da Saúde de Porto Alegre e Hospital Moinhos de Vento apresentam panorama da saúde

O secretário Municipal de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, e o CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, debateram o panorama atual da saúde pública e da saúde privada. Ritter destacou que, cada vez mais, os médicos precisam estar integrados nos processos organizacionais e representar custo efetivo e resolutividade, sendo isso um diferencial no futuro.

“Todos temos que ter um domínio de gestão. Se não formos nós, alguém menos capacitado poderá tomar esse lugar”, refletiu.

Na sequência, Parrini elucidou dados da estrutura dos hospitais e ponderou que não é possível projetar qual será o cenário da saúde nos próximos 15 anos diante de tantas mudanças e avanços.

Me formei e agora?

O médico cardiologista e CEO da Hospitalize Serviços Médicos, Daniel Souto Silveira, abordou os caminhos a seguir logo após a formatura.

“Eu vejo três cenários: a residência, o mercado imediato e a influência digital. Evitem este último”, ponderou.

Conforme ele, cada decisão depende do que o profissional pretende para sua carreira, mas a residência médica continua sendo o caminho mais sólido. “Ela te leva para uma formação completa, com título reconhecido, redes de contatos e segurança jurídica”, projetou.

Dr. Silveira também alertou para as tentações dos plantões que dão retorno inicialmente, mas desgastam mentalmente e podem comprometer a possibilidade de residências.

Saúde mental e como manter

Encerrando a jornada, os médicos Paulo Favalli, Paulo Roberto Consoni e Pedro Béria discutiram sobre alternativas para manter a saúde mental em meio à rotina de médico. Através de experiências pessoais e relatos descontraídos, os profissionais estimularam os estudantes a buscar sempre o autocuidado e a distração com passatempos e outras ações no cotidiano.

O congresso contou com patrocínio da Uni4Life, Afya Educação Médica, Simers, Hospitalize e Coopmed-RS, e apoio de MedEnf, Secad Artmed, grupodoc, SOCERGS, SNNRS, RDT Viagens, Intercity Hotels, Hilton Hotels & Resorts e Dall’Onder Rede de Hotéis.

Premiação de Melhores Trabalhos

O Congresso premiou os melhores trabalhos científicos apresentados durante o evento. A primeira posição foi conquistada por Lucas Floriani, com o estudo “Implementação do Living Lab no Hospital São Lucas da PUCRS”. Em segundo lugar ficou Thais Dalferth, com o trabalho “Equidade e Diversidade na Carreira Médica”. Já o terceiro lugar foi para Maria Fernanda Peruci, autora de “Neurotalks: um podcast como ferramenta inovadora de divulgação científica em neurologia e neurocirurgia para o público leigo”.

Redação: Vítor Figueiró e Marcelo Matusiak