Simpósio reúne profissionais de dermatologia para debater questões cotidianas da prática clínica
Evento destacou temas práticos e atuais no manejo de condições dermatológicas comuns e tratamentos estéticos
A Sociedade Brasileira de Dermatologia – Seção Rio Grande do Sul (SBD-RS) promoveu, na manhã deste sábado (26/11), o Simpósio "Dúvidas do Dia a Dia", no Centro de Eventos do Barra Shopping Sul. Os debates foram coordenados pelos dermatologistas Dr. André Costa Beber e Dra. Mônica Zechmeister Berg e fazem parte da programação do Dermatologia RS, encontros que estão ocorrendo desde quinta-feira e que têm como grande atrativo deste sábado a 49ª Jornada Gaúcha de Dermatologia.
“É muito gratificante ver que a jornada conta com a presença de um grande público, mostrando o compromisso dos dermatologistas com a atualização constante e o aprimoramento de suas práticas”, ressaltou a Dra. Mônica Berg.
O simpósio teve início com a apresentação do Dr. Leonardo Albarello, que discutiu cuidados com unhas frágeis, recomendando o uso de luvas para evitar a exposição a produtos químicos e trauma repetido nas unhas. Ele também alertou sobre a necessidade de evitar removedores de esmalte com solventes, endurecedores, gel acrílico e o uso incorreto de ferramentas de manicure para proteger a saúde ungueal.
Em seguida, a Dra. Fabiane Lorenzini apresentou alternativas para o tratamento do melasma. Como um dos recursos, a especialista lembrou que pode ser utilizado o ácido tranexâmico, que atua inibindo a formação de pigmento e bloqueando as vias inflamatórias que agravam o melasma.
Rosácea
Na sequência, o Dr. Juliano Peruzzo apresentou práticas eficazes para o tratamento da rosácea, recomendando produtos de higiene com pH ácido e sem surfactantes, como syndets, além de evitar agentes espumantes e lenços. Para hidratação, destacou a importância de fórmulas sem fragrâncias, óleos vegetais ou gordura animal, optando por ingredientes como alantoína e alfa-bisabolol.
“A conclusão sobre o tema reforça a importância de um olhar atento e aprofundado sobre as comorbidades da rosácea. É essencial considerar a doença como sistêmica, avaliar os fatores agravantes, entender a abordagem dos sinais e sintomas e explorar as perspectivas futuras no tratamento”, afirmou.
Na proteção solar, recomendou filtros minerais com FPS 30 ou mais alto, fluidos e sem lipídios, que são mais adequados para peles sensíveis.
Cosméticos
A Dra. Ana Elisa Kiszewski Bau tratou do uso de cosméticos e cosmecêuticos para crianças e adolescentes, alertando sobre os produtos mais adequados para essas faixas etárias e enfatizando a importância de opções apropriadas à idade, com foco lúdico. Ela também alertou para sinais de preocupação, como a necessidade constante de maquiagem para sair ou tirar fotos, além de rotinas obsessivas de skincare com múltiplos produtos, que podem não ser adequadas para essa faixa etária.
“O aspecto positivo é que analistas estimam que esta indústria deve ser impulsionada nas próximas décadas por produtos limpos, naturais, veganos, orgânicos e de alta qualidade (produtos puros), sustentáveis e com preços acessíveis”, pontuou.
Alopecia em idosos
Outro ponto de destaque foi o manejo da alopecia em idosos, apresentado pela Dra. Cintia Pessin.
“Para tratar a alopecia em pessoas com idade mais avançada, é fundamental entender todo o histórico e hábitos do paciente. Uma abordagem cuidadosa começa com uma conversa sobre possíveis carências nutricionais, o tempo em que a queda do cabelo vem ocorrendo, menopausa, histórico familiar e rotinas de cuidado, como frequência de lavagem e tratamentos aplicados”, explicou Cintia Pessin.
Dieta e a pele
O impacto da dieta na saúde da pele foi o tema apresentado pela Dra. Vanessa Santos Cunha, que esclareceu mitos e apresentou evidências científicas sobre como a alimentação afeta o organismo. Ela destacou que condições como psoríase, dermatite atópica, acne, envelhecimento cutâneo e rosácea são influenciadas pela alimentação.
“A alimentação ocidental moderna traz alguns desafios à saúde, especialmente pela presença de alimentos ultraprocessados e açúcares. Essas dietas típicas, com hambúrgueres, doces, balas e laticínios como queijos e iogurtes, têm um impacto significativo na nossa saúde e na saúde da pele”, afirmou Vanessa Santos.
Terapia de Reposição Hormonal
O Dr. Fernando Gerchmann discutiu a reposição hormonal, a suplementação hormonal e os implantes hormonais, analisando os benefícios e os riscos da terapia de reposição hormonal para aliviar os sintomas da menopausa. Os benefícios incluem a redução da frequência e severidade dos calorões, além de diminuição das fraturas de quadril e do risco de câncer colorretal.
“A terapia de reposição hormonal feminina é indicada já na fase climatérica, que é a transição para a menopausa. É quando a mulher apresenta sintomas como ondas de calor e sudorese noturna recorrente, que impactam negativamente sua qualidade de vida”, explicou.
No entanto, ele também apontou riscos, como aumento de eventos coronarianos, câncer de mama e risco de AVC, especialmente com o uso isolado de estrogênio. Como consequência da terapia, há a melhora da elasticidade da pele, espessura, quantidade de colágeno e firmeza, contribuindo para a redução de rugas.
Anestesia
A anestesia em consultório, com foco no conforto do paciente, foi tema da palestra da Dra. Suzana Hampe, que apresentou soluções para melhorar a experiência durante procedimentos dermatológicos. Foram discutidas estratégias para preparar o paciente antes do procedimento, prevenir reações indesejáveis e oferecer conforto durante a anestesia. Além disso, foram mencionados recursos auxiliares para diminuir a dor e técnicas de infiltração. Também foi ressaltada a importância de saber se o paciente é sensível à dor, propenso a reações emocionais, como a resposta vagal, ou se possui comorbidades ou faz uso de medicamentos que possam interferir no processo.
Tratamento não cirúrgico de câncer de pele
O Dr. Fabiano Pacheco discutiu as opções de tratamento não cirúrgico para o câncer de pele. O especialista destacou que alguns tipos de carcinoma basocelular (CBC) podem ser tratados sem cirurgia, especialmente em lesões documentadas sem invasão perineural, localizadas em áreas de baixo risco.
“O objetivo é garantir a remoção completa do tumor primário, visando a cura. Além disso, buscamos evitar recidivas e metástases, ao mesmo tempo em que preservamos tanto a função quanto o aspecto estético da área afetada”, detalhou.
O tratamento eficaz do câncer de pele requer uma abordagem cuidadosa e personalizada.
“O padrão-ouro no tratamento é a excisão, mas isso se aplica apenas a tumores não invasivos. É essencial respeitar as indicações de cada opção terapêutica e considerar os benefícios específicos para cada paciente, sempre com o objetivo de reduzir riscos”, completou.
Prurido (coceira)
Finalizando o simpósio, o Dr. Renan Bonamigo falou sobre o manejo do prurido, suas múltiplas causas e o impacto na qualidade de vida. O sintoma pode ser o primeiro sinal de doenças sistêmicas, como hepáticas, renais, endócrinas, neoplásicas, hematológicas, infecciosas ou neurológicas. No idoso, o prurido é prevalente entre 30% a 70% em lares de idosos, exigindo avaliação cuidadosa das comorbidades e medicamentos.
Redação: Marcelo Matusiak e Gabriela Dalmas