18/10/2025
					
					
												
						 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
					
				
				Simpósio DERC/SBC discutiu limites do exercício e segurança cardíaca no esporte
Encontro reuniu especialistas para debater temas como cardiomiopatia hipertrófica, eletrocardiograma de atletas e casos clínicos durante o Congresso SOCERGS 2025
O Simpósio do Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DERC/SBC) foi realizado na manhã de sábado (18/10) durante o Congresso SOCERGS, em Gramado. Coordenado pelo Dr. Salvador Sebastião Ramos, o encontro promoveu uma ampla reflexão sobre a prática esportiva segura e os desafios do acompanhamento cardiológico em atletas profissionais e amadores.
A programação iniciou com a palestra do Dr. Luiz Eduardo Ritt, de Salvador (BA), que abordou a cardiomiopatia hipertrófica e a questão sobre sua contraindicação para o esporte. Em seguida, o Dr. Ricardo Stein, de Porto Alegre (RS), apresentou os benefícios e riscos do exercício de longa duração, destacando a importância de identificar os limites individuais. Ao abordar os riscos e benefícios do exercício físico, o especialista foi enfático ao afirmar que o maior perigo é o sedentarismo. 
“O exercício é protetor. O maior risco é não se exercitar. Claro que em algumas situações ele pode servir como gatilho para um evento cardíaco, mas esses casos são raros e ganham grande repercussão justamente por envolverem atletas jovens. A mensagem é clara: o exercício salva muito mais vidas do que tira”, afirmou.
Dr. Stein também explicou o conceito de provas de longa duração e reforçou a importância da avaliação médica. 
“Provas como meias maratonas, maratonas e triatlos são de longa duração e exigem bastante do organismo. Mas é preciso um olhar individual ao paciente, porque até mesmo quem corre 5 km em alta intensidade precisa de atenção. O ideal é que todos os praticantes façam uma avaliação médica, de preferência com um cardiologista do esporte. A prevenção é o melhor remédio, mas a falta de acesso à consulta não deve ser barreira para a prática regular e segura da atividade física”, completou.
Na sequência, o Mestre e Doutor em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Membro-pesquisador do Grupo de Pesquisa em Cardiologia do Exercício Filipe Ferrari trouxe dados sobre o eletrocardiograma do futebolista brasileiro, ressaltando particularidades dessa população. A pesquisa trouxe resultados relevantes para a avaliação cardiovascular de atletas, reforçando a importância do diagnóstico precoce e da investigação cuidadosa de alterações eletrocardiográficas. Segundo ele, um dos achados mais significativos foi a inversão da onda T inferolateral em alguns atletas, alteração que pode indicar doenças cardíacas mesmo quando o ecocardiograma parece normal.
“Esse é um achado que deve sempre ser encarado com atenção até que se prove o contrário. A ressonância magnética é o padrão-ouro para confirmar ou descartar patologias, mesmo em casos de ecocardiograma normal, porque algumas doenças são silenciosas e só a ressonância consegue detectar”, explicou.
Ele também destacou a importância da avaliação prévia à prática esportiva, inclusive entre atletas amadores. 
“O esporte é protetor e fundamental para a saúde, mas é importante que o praticante realize um eletrocardiograma de repouso e uma consulta com o cardiologista para avaliar o histórico familiar e possíveis fatores de risco. Além disso, sempre alertamos para aquele perigo do chamado ‘atleta de fim de semana’, ou seja, aquela pessoa que é sedentária durante toda a semana e no domingo joga futebol em alta intensidade corre mais risco, porque o esforço súbito pode romper uma placa de gordura e causar um infarto. O ideal é manter a regularidade da atividade física e controlar fatores como hipertensão, diabetes e colesterol antes de iniciar qualquer exercício mais intenso”, concluiu.
Na segunda parte do simpósio, foram apresentados casos clínicos com foco em decisões práticas: o Dr. Rodrigo Bodanese discutiu o manejo de um triatleta com doença arterial coronariana (DAC) e a escolha entre tratamento clínico ou intervencionista.
“O ideal é que todo praticante de atividade física — seja competitiva ou recreativa — realize uma consulta com um médico especialista, que vai entender as demandas da prova e avaliar se existe alguma cardiopatia que contraindique o exercício. Em alguns casos, é possível manter a prática com ajustes na intensidade; em outros, a atividade competitiva pode ser desaconselhada, mas sempre incentivamos que o exercício continue voltado para a saúde”, explicou.
O Dr. Bodanese também lembrou que o acompanhamento psicológico pode ser importante. “Muitos atletas amadores têm o sonho de completar uma maratona ou um triatlo, e às vezes encontram uma limitação que impede o desempenho esperado. Nesses momentos, é fundamental redirecionar o foco para o cuidado e o bem-estar”, completou.
Ao final, a Dra. Gabriela Tortato analisou o caso de um atleta amador com dispneia aos esforços, destacando a importância da investigação detalhada para garantir segurança na prática esportiva. Na sua abordagem ela trouxe detalhes importantes sobre a amiloidose cardíaca, condição causada pelo depósito anormal de proteínas insolúveis no músculo do coração.
“Essa situação pode ser descrita como o acometimento cardíaco por deposição anormal de proteínas insolúveis no miocárdio, chamadas de transtirretinas. A doença pode ter origem hereditária, relacionada a mutações no gene TTR, ou surgir de forma selvagem, adquirida com o envelhecimento. As mutações genéticas variam e podem determinar diferentes manifestações clínicas do quadro”, explicou.
Serviço
Congresso SOCERGS 2025
16 a 18 de Outubro
Centro de Eventos Wish Serrano Gramado
Realização: Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul
Redação : Marcelo Matusiak
								Legenda: Simpósio DERC/SBC
							
							 
								 
								 
								 
								 
								