Seminário promovido pelo Governo do Estado na TranspoSul debate futuro da logística e do transporte
Evento reuniu lideranças empresariais e autoridades nesta quinta-feira (25/09), no Palco TranspoSul - Tudo Gira Sobre Rodas
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul, patrocinador Master da 24ª TranspoSul, promoveu nesta quinta-feira (25/09) o Seminário TranspoSul “O passo para o futuro da logística e transporte no Rio Grande do Sul”. O encontro, realizado no Palco TranspoSul – Tudo Gira Sobre Rodas, reuniu autoridades públicas, empresários e representantes dos principais setores da economia para debater a importância do transporte e a expansão da infraestrutura rodoviária no Estado.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul (SETCERGS), Delmar Albarello, destacou a importância da parceria entre poder público e iniciativa privada.
“Aproximar cada vez mais governos e empresas é um elo que precisa ser fortalecido, porque é dessa relação que surgem as decisões, os investimentos e, principalmente, os resultados do nosso trabalho”, declarou Delmar Albarello.
Ao tratar dos desafios do setor, Delmar Albarello recorreu a uma metáfora para ilustrar a importância da boa condução das políticas públicas. Ele destacou que o transporte e a logística já contam com empresas de excelência, comparáveis a peças de alta qualidade. Porém, lembrou que, assim como em um motor, não basta ter as peças soltas sobre a mesa: é preciso que elas sejam encaixadas no lugar certo para que a máquina funcione plenamente.
“Temos peças de altíssima qualidade, mas elas só se tornam úteis quando alguém as encaixa no lugar certo. É o papel da liderança organizar esse processo, porque, do contrário, cada um segue por um caminho diferente. Nosso desafio é montar essa grande caixa de câmbio que permita ao setor avançar com harmonia. Sabemos que é um trabalho árduo e lento, mas indispensável. O transporte é estratégico para todos — levamos da água ao navio — e, embora não sejamos mais importantes do que a indústria ou o agro, caminhamos lado a lado, como parte essencial da engrenagem que move a economia”, afirmou Delmar Albarello.
“Modelo de expansão da Infraestrutura rodoviária do RS”
No primeiro painel “Modelo de expansão da Infraestrutura rodoviária do RS”, mediado por Otelmo Drebes, participaram o vice-governador Gabriel Souza; o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo e o secretário de Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi.
O fortalecimento da infraestrutura rodoviária foi apontado pelo vice-governador, Gabriel Souza, como peça-chave para a recuperação e a competitividade do Rio Grande do Sul após os danos severos provocados pelas enchentes.
“Melhorar a infraestrutura logística é fundamental para qualquer economia global e, aqui no Rio Grande do Sul, torna-se ainda mais estratégico para garantir o escoamento da produção aos centros consumidores do país e também para atender o mercado interno. Tivemos danos severos nas enchentes, mas o governador Eduardo Leite já anunciou mais de R$ 4 bilhões em investimentos em rodovias neste semestre. Muitas obras já estão começando, não se trata apenas de recapeamento: serão estradas praticamente novas, com pontes mais altas, drenagem eficiente e proteção contra deslizamentos. Para se ter ideia, antes a média anual de investimentos era de R$ 150 milhões. No ano passado, aplicamos R$ 1,7 bilhão – o equivalente a 11 anos dessa série histórica. Esse é o jeito correto de governar: colocar as contas em dia, investir no futuro e preparar o modal rodoviário para reduzir custos e fortalecer a competitividade do Estado”, destacou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, destacou que, por muito tempo, a discussão ficou restrita à questão tributária, quando, na verdade, outros fatores são igualmente determinantes para a competitividade.
“O ambiente de negócios vai muito além da carga tributária. É preciso garantir segurança, investir em tecnologia, em viaturas e no aumento do efetivo das forças policiais. Ter presença, capacidade de resposta e profissionais preparados é fundamental para atrair investimentos e dar confiança a quem quer empreender”, afirmou Ernani Polo.
Na sequência, o secretário da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, ressaltou que o setor público não pode se perder em debates excessivamente técnicos e precisa manter o olhar voltado para o futuro.
“No dia a dia, o advogado tende a se prender à letra da lei e o economista ao detalhe técnico, mas quem está no setor público precisa ter a capacidade de manter a visão de futuro. Muitas vezes, perdemos tempo discutindo o detalhe do detalhe de uma regra fiscal, quando o mais importante é perseguir os objetivos maiores e conduzir o Estado nessa direção”, declarou Pedro Capeluppi.
Painel “Importância do Transporte”
No segundo painel, mediado por Joarez Piccinini, participaram Ricardo Portela Nunes, vice-presidente da Fiergs, Leonardo Schneider, vice-presidente da Fecomércio_RS e Luis Gambim, diretor Comercial da DAF Caminhões.
O primeiro a se manifestar, Ricardo Portela, lembrou que o Rio Grande do Sul tem, hoje, somente e 10% da malha rodoviária pavimentada.
“Não é preciso explicar muito para entender a diferença de custos entre transportar em uma rodovia pavimentada e em uma estrada de chão, mesmo quando está em boas condições – e, muitas vezes, em más condições. Esse cenário evidencia a fragilidade da infraestrutura rodoviária do Estado, que compromete diretamente a competitividade das empresas e a qualidade do transporte de cargas. Continuamos com uma infraestrutura deficiente, ainda mais impactada pela catástrofe do ano passado, que escancarou o quanto precisamos reconstruir e avançar nesse tema”, afirmou o vice-presidente da FIERGS, Ricardo Portela.
Durante o debate, um dos pontos levantados foi a comparação internacional sobre os juros. A observação chamou atenção ao mostrar como situações que no Brasil se tornaram realidade seriam impensáveis em outras economias.
“É inimaginável pensar os Estados Unidos convivendo com uma taxa de juros de 15%. Isso teria virado um caos. E nós, brasileiros, já enfrentamos esse cenário, com todas as consequências que ele traz para a economia e para a sociedade”, destacou o diretor comercial da DAF, Luís Gambim.
Na sequência do debate, foi destacada a diferença significativa no peso da logística sobre a economia gaúcha em comparação ao cenário nacional, reforçando a necessidade de investimentos estruturantes para reduzir gargalos.
“O custo da logística no Rio Grande do Sul representa 21,5% do PIB, enquanto a média brasileira é de 18%. Ou seja, todos os nossos indicadores estão em desvantagem. Precisamos investir e trabalhar fortemente para facilitar o transporte. O setor de carnes, o comércio, o governador e os secretários têm apontado o desenvolvimento como prioridade. É fundamental apoiar as concessões rodoviárias, pois a iniciativa privada tem maior capacidade de atender as demandas dos usuários. No entanto, é preciso atenção especial ao valor da tarifa de pedágio”, destacou o vice-presidente da Fecomércio-RS, Leonardo Schneider.
A 24ª TranspoSul é uma realização do SETCERGS. Patrocinadores Masters: Dipesul Volvo, Iveco, Mercedes-Benz, Volkswagen Caminhões e Ônibus, DAF Eldorado Caminhões e Governo do Estado do Rio Grande do Sul; Patrocinador Premium: Grupo Vamos. Patrocinador Plus: Veloe Go. Apoiador do Congresso: Transpocred. Para mais informações acesse https://transposul.com/
Redação: Marcelo Matusiak e Rafael Sodré