Saúde mental, Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), esportes e doenças crônicas pautam debates no Congresso sobre Adolescência
Sexta-feira (19/09) reuniu pesquisas científicas, painéis clínicos e mesas sobre saúde digital e prevenção
O Congresso sobre Adolescência, realizado pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), trouxe nesta sexta-feira (19/09) uma programação que reforçou temas centrais da atenção ao adolescente. A manhã iniciou com sessões de Temas Livres e Pôsteres Comentados, seguidas pelo Simpósio Satélite que discutiu tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Willians Santos Ramos (SP), alertou que o Brasil passou a tratar o quase como se fosse um sinônimo de problema escolar, o que não deveria se restringir a isso.
“Eu trabalho com transtornos de aprendizagem e é importante deixar claro: o TDAH não está incluído nessa categoria, porque não é um transtorno de aprendizagem. O que costumo reforçar é que o prejuízo acadêmico não é, necessariamente, o mais frequente ou o mais grave no TDAH. Na prática, o que observamos são repercussões comportamentais e emocionais muito mais intensas do que as dificuldades escolares em si”, disse.
Durante o painel sobre a formação de recursos humanos para a atenção integral ao adolescente, especialistas destacaram desafios e caminhos para qualificar pediatras e equipes multidisciplinares. Denise Leite Campos, do Distrito Federal, reforçou a importância da abordagem integrada na Área de Saúde do Adolescente e do Jovem (ASAJ).
O painel sobre Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) abordou prevalência, comorbidades e desafios do cuidado para pacientes e familiares. Já a mesa “Saúde digital #menos tela #mais saúde” discutiu os impactos do uso excessivo de telas sobre o bem-estar psíquico e social dos jovens.
No turno da tarde, o debate sobre saúde mental ganhou destaque com a conferência “A saúde mental dos jovens precisa estar no foco do pediatra e dos médicos de adolescentes”. A atividade, coordenada pela pediatra Lilian Day Hagel (RS), teve apresentação do psiquiatra da infância e adolescência Luís Augusto Rodhe (RS), que ressaltou a relevância do olhar atento dos profissionais para sinais de sofrimento psíquico, reforçando a necessidade de um cuidado integral que inclua aspectos clínicos, emocionais e sociais no acompanhamento dos adolescentes.
Os debates avançaram, ainda, sobre o consumo de cigarro eletrônico, com alertas sobre os riscos pulmonares e o EVALI (Injúria Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico). O tema da atividade física e esportes foi explorado sob diferentes perspectivas, incluindo avaliação de desempenho, sedentarismo em grupos especiais e suporte nutricional. Em seguida, a conferência “Autoimagem, autoestima e autocuidado” trouxe reflexões sobre os limites entre estética e saúde.
O encerramento do dia destacou os desafios no acompanhamento de adolescentes com doenças crônicas, com ênfase em risco cardiovascular, distúrbios funcionais e gastrointestinais e manejo da obesidade. Uma miniconferência abordou ainda os aspectos psicológicos do adoecimento e o papel da família.
O Congresso sobre Adolescência segue até sábado (20/09), com novas atividades científicas e culturais. A programação completa pode ser conferida no link https://www.sbp.com.br/especiais/eventos/17-congresso-brasileiro-de-adolescencia/programacao/
Redação: Marcelo Matusiak