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O Mercofrio 2024 - 14º Congresso Internacional de Ar Condicionado, Refrigeração, Aquecimento e Ventilação, realizado pela Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (ASBRAV), deu início às suas atividades com o painel de abertura “Futuro do Planeta: Transformações Tecnológicas e Responsabilidades do Universo AVAC-R”. O evento ocorre entre os dias 10 e 12 de setembro no BarraShoppingSul, em Porto Alegre.

As inovações tecnológicas têm revolucionado o setor, trazendo avanços significativos na eficiência energética e na sustentabilidade ambiental. Com o desenvolvimento de tecnologias como automação inteligente, Internet das Coisas (IoT) e sistemas de filtragem avançados, o AVAC-R está se tornando cada vez mais essencial para garantir a qualidade do ar em ambientes internos, reduzir o consumo de energia e minimizar o impacto ambiental. Essas transformações não só melhoram o conforto e a saúde dos ocupantes, mas também reforçam a responsabilidade das empresas e profissionais do setor em adotar práticas sustentáveis e eficientes, tornando este tema central para o futuro do planeta e das próximas gerações.

Um alerta global

A primeira apresentação foi conduzida por Franciéle Schwanck, engenheira brasileira, que falou sobre estudos aprofundados realizados na Antártica sobre os impactos climáticos das ações humanas ao longo dos anos. A apresentação foi baseada no trabalho desenvolvido pelo Centro Polar e Climático da UFRGS.

“Observamos períodos de variação climática, como glaciais e interglaciais, que são parte natural da dinâmica da Terra. O que está em discussão é a extensão da influência humana sobre essas mudanças e como nossas atividades estão moldando o clima futuro. A questão central é: como estamos impactando o clima? Qual será o efeito de nossas ações nos padrões climáticos nos próximos anos? Já estamos testemunhando essas mudanças em nossa experiência diária. Todos nós já vivenciamos, neste ano e até mesmo no momento presente, os efeitos das alterações climáticas. Assim, é crucial entender o que controla essas variações climáticas e reconhecer a gama de fatores que contribuem para essas mudanças”, alertou.

A palestrante destacou a necessidade crescente de promover o desenvolvimento de políticas públicas em todas as esferas, desde a geração de uma agricultura sustentável até o desenvolvimento de infraestrutura e tecnologias.

O uso de refrigerantes com baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP) e a eficiência energética são fundamentais para atender às normas internacionais e proteger o meio ambiente. O Prof. Roberto Peixoto, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), detalhou a implementação do Protocolo de Montreal e o desenvolvimento de planos nacionais de refrigeração. Em sua apresentação, o especialista mostrou que a demanda por refrigeração, ar condicionado e bombas de calor (RACBC) está aumentando rapidamente e alertou que, se não for gerenciado, isso resultará em maiores emissões de gases de efeito estufa dos equipamentos de RACBC, tanto diretas - emissões de refrigerantes com alto GWP, quanto indiretas - consumo de energia.

“Os benefícios climáticos podem ser maximizados integrando a mitigação dos HFCs e a eficiência energética, com reduções substanciais nas emissões de GEE. Para maximizar os benefícios da Emenda de Kigali, é vital abordar a eficiência energética do RACBC juntamente com a redução gradual dos HFCs. Equipamentos de refrigeração e ar condicionado com refrigerantes de baixo/médio GWP e maior eficiência energética estão agora disponíveis, mas não são acessíveis em todos os lugares”, afirmou.

João Manoel Pimenta (DF) | UNB falou sobre as aplicações no setor de HVAC, impactos ambientais e econômicos, tendências e desafios futuros. Uma das abordagens detalhou a OTEC (Ocean Thermal Energy Conversion), uma inovação que converte energia térmica disponível no oceano. Também apresentou o SWAC (Sea Water Air Conditioning), que utiliza água fria de oceanos/lagos (SWAC/LWAC) no resfriamento e proporciona até 90% de economia de energia. A inovação é considerada bem estabelecida com payback reduzido.

“O Brasil é um país privilegiado por dispor de águas tropicais com gradiantes de temperaturas elevadas. Essa diferença de temperatura pode ser explorada para gerar energia”, afirmou.

Por fim, Dennis Knight, um dos principais líderes globais em AVAC, destacou a importância da inovação tecnológica e da sustentabilidade, enfatizando seu papel na redução das emissões de carbono e na melhoria da eficiência energética dos sistemas de climatização.

“É uma questão de sobrevivência e da sustentabilidade do nosso planeta para as futuras gerações. Para enfrentar esse desafio, primeiro precisamos entender como resolver os problemas associados ao desenvolvimento do nosso trabalho”, afirmou.

Em sua fala, o convidado internacional, que é presidente eleito da ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers) para o mandato de 2024-25, lembrou a importância de renovar pelo menos 2,5 trilhões de metros quadrados de edificações com mais de vinte anos de existência, que precisam passar por um processo de renovação.

Para mais informações sobre o Mercofrio 2024, visite https://mercofrio.com.br. 

Redação: Marcelo Matusiak