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O segundo dia do Congresso SOCERGS, realizado em Gramado, foi marcado pela diversidade de temas e pela integração entre diferentes áreas da medicina cardiovascular. Com painéis que abordaram desde as conexões entre coração, rins e pulmões até mesas dedicadas à prática clínica, novas terapias e avanços tecnológicos, o evento mostrou como a troca de experiências entre especialidades fortalece o cuidado e a prevenção em saúde cardiovascular. A presença de especialistas nacionais e internacionais reforçou o caráter científico e colaborativo do encontro, que segue até sábado (18/10), no Centro de Eventos Wish Serrano.

 

No início da sexta-feira, os debates do módulo Conexão Cardiorrenal mostraram como o trabalho conjunto entre cardiologistas e nefrologistas é essencial para compreender e tratar as complexas interações entre coração e rins. O painel, moderado pelos médicos Dr. Luis Eduardo Rohde e Dr. Márcio de Vargas Salbego, destacou condutas práticas no manejo de pacientes com disfunções renais e complicações cardíacas.

 

O cardiologista Dr. Cristiano Jaeger destacou a importância de observar com atenção a relação entre o tratamento da insuficiência cardíaca e a função renal dos pacientes. 

 

“Me preocupa quando começamos o tratamento da insuficiência cardíaca e o paciente apresenta piora da função renal. Muitas vezes ele já chega descompensado e ao iniciar o uso de diuréticos ocorre uma melhora, com redução da creatinina. O contrário é que deve acender o alerta — quando há piora da função renal mesmo com o tratamento diurético. Nessas situações, costumo acionar o nefrologista e revisar cuidadosamente a conduta terapêutica”, explicou o especialista.

 

O nefrologista Dr. Roberto Berdicheski, destacou a importância da integração entre a Nefrologia e a Cardiologia no cuidado dos pacientes com doenças crônicas. Ele lembrou que, historicamente, os pacientes renais crônicos têm alta mortalidade por causas cardiovasculares, o que reforça a necessidade de um acompanhamento conjunto entre as duas especialidades.

 

“Há muitos anos observamos que os pacientes renais crônicos, em sua maioria, acabam falecendo por problemas cardiovasculares. Por isso, a preocupação do nefrologista também é com a questão cardíaca. Felizmente, nos últimos anos, essa integração entre as áreas se fortaleceu. Trabalhamos lado a lado com a cardiologia porque tratamos, na verdade, das mesmas doenças — às vezes iniciadas por uma disfunção cardíaca, outras vezes por uma alteração renal estrutural ou funcional”, ressaltou o especialista.

 

Também durante a manhã, o espaço Conexão Cardioimunologia/Infectologia aprofundou a discussão sobre doenças inflamatórias e infecciosas com impacto no sistema cardiovascular. O debate, moderado pelo Dr. Jean Pierre Wassaf Youssef e pela Dra. Maria Claudia Dutra Barcellos Guterres da Costa, reuniu especialistas de diferentes áreas, como infectologia, reumatologia e cardiologia, para explorar temas como o papel da proteína C reativa e os avanços no entendimento da resposta imunológica. 

 

Para o infectologista Dr. Diego Falci, é relevante o diálogo interdisciplinar entre a Infectologia e a Cardiologia, especialmente em temas que envolvem processos inflamatórios e prevenção de infecções. 

 

“Agradeço o convite e considero que a composição da mesa foi muito feliz, com a participação de colegas cardiologistas, reumatologistas e infectologistas. O que nos une aqui é muita coisa, e o termo escolhido para o debate — inflamação — é extremamente importante. Essa interação entre as áreas é fundamental, especialmente porque estamos cada vez mais atentos à prevenção de infecções e à forma como elas podem atuar como gatilhos inflamatórios, impactando o sistema cardiovascular”, destacou o especialista.

 

Já a sessão Conexão Cardiopulmonar mostrou como a integração entre cardiologia e pneumologia é fundamental para compreender doenças que afetam simultaneamente o coração e os pulmões. Com moderação dos Drs. Luciano Ceolin Rosa e Agda Mezzomo, o debate reuniu especialistas que abordaram desde o impacto da função respiratória na saúde cardíaca até estratégias conjuntas de diagnóstico e prevenção. Um dos destaques foi a discussão sobre o rastreamento combinado de doenças coronarianas e tumores pulmonares.

 

As mesas-redondas ao longo do dia mostraram como a cardiologia está em constante evolução, trazendo novas formas de cuidar do coração. Em “Novas Abordagens e Tratamentos para Dislipidemia”, coordenada pelos Drs. Luiz Carlos Bodanese e Ênio Leite Casagrande, os especialistas apresentaram medicamentos e combinações que ajudam a controlar o colesterol e os triglicerídeos, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares. Também foi abordado o impacto dos anabolizantes sobre o coração, reforçando a importância de hábitos saudáveis e acompanhamento médico.

 

Na mesa sobre Intervenção na Doença Estrutural, coordenada pelos Drs. André Luiz Langer Manica e João Carlos Vieira da Costa Guaragna, foram discutidos tratamentos menos invasivos para corrigir problemas nas válvulas e estruturas do coração. 

 

 

Integrando também a programação do evento, a Conferência Internacional trouxe uma perspectiva global sobre inovação e ciência em cardiologia, com palestras de especialistas da Austrália, Estados Unidos e Reino Unido. A pesquisadora Dra. Francine Marques apresentou evidências sobre a relação entre microbioma intestinal e prevenção de doenças cardiovasculares, enquanto o Dr. Robert Patrick Giugliano discutiu as novas fronteiras da anticoagulação. O Dr. Otávio Berwanger encerrou o bloco com reflexões sobre qualidade e colaboração em pesquisa clínica.

 

A segunda parte, transmitida em formato híbrido, contou com especialistas da Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, que trouxeram visões atualizadas sobre prevenção, tratamento e inovação em cardiologia. A pesquisadora australiana Francine Marques apresentou estudos sobre a influência do microbioma intestinal na saúde do coração, tema que desperta crescente interesse na medicina moderna. Na sequência, o norte-americano Robert Patrick Giugliano abordou os avanços nas terapias anticoagulantes, e o britânico Otávio Berwanger encerrou destacando a importância da qualidade e da colaboração internacional na pesquisa clínica.

 

 

O turno da manhã também trouxe debates de alto nível sobre desafios clínicos e inovações no diagnóstico e tratamento das doenças do coração. Na mesa “Cardiomiopatias: Desafios e Inovações”, moderada pelos Drs. Júlio Coutinho de Vargas Neto e Raphael Boesche Guimarães, os especialistas apresentaram avanços no reconhecimento precoce das alterações cardíacas e nas formas mais seguras de tratar e orientar pacientes com miocardiopatia hipertrófica.

 

Em paralelo, a mesa “Meus Piores Casos Clínicos” trouxe uma abordagem prática e envolvente, em que médicos de diferentes regiões do Estado compartilharam experiências desafiadoras de sua rotina. Sob a moderação dos Drs. Waldemar de Carli e Rafael Luiz Rech, os casos apresentados mostraram como a tomada de decisão diante de situações complexas exige preparo técnico, trabalho em equipe e sensibilidade clínica.

 

 

Durante o intervalo de almoço, o Congresso SOCERGS 2025 seguiu com intensa programação prática, voltada à atualização e ao aperfeiçoamento técnico dos profissionais. Cursos simultâneos abordaram desde a interpretação de eletrocardiogramas e o uso da inteligência artificial na rotina médica até novas aplicações da ecografia à beira do leito (POCUS) e resultados de pesquisas recentes, como o estudo PhysioSync-HF. 

 

 

O turno da tarde do Congresso SOCERGS 2025 foi marcado por uma combinação de atualização científica, integração entre áreas e troca de experiências clínicas. Na sessão “Respostas Curtas para Questões Relevantes – Arritmias Cardíacas”, especialistas apresentaram condutas práticas sobre manejo de extrassístoles, tempestade elétrica, ablação de fibrilação atrial e avanços em dispositivos implantáveis.

 

A Mesa Multidisciplinar, com o tema “Da Insuficiência Cardíaca Avançada ao Transplante”, mostrou a importância do trabalho em equipe no cuidado ao paciente, reunindo profissionais da enfermagem, fisioterapia, educação física, medicina, nutrição e psicologia. A sessão também apresentou pesquisas livres com achados relevantes sobre exercício, tabagismo eletrônico e avaliação cardíaca em atletas.

 

Já a Mesa sobre Amiloidose Cardíaca destacou avanços no diagnóstico e tratamento dessa condição ainda pouco reconhecida, abordando desde o uso de novas drogas modificadoras de doença até o papel das diferentes técnicas de imagem e da cintilografia na detecção precoce. 

 

Na Sessão ECGs, o Prof. Rubem Rodrigues estimulou o raciocínio clínico com análise de traçados e discussão de casos entre especialistas. Em paralelo, a Mesa Multidisciplinar sobre Obesidade destacou o papel conjunto de diversas áreas no controle da doença, enquanto a mesa “Nostradamus – Prevendo o Futuro” apresentou tendências em imagem, arritmias, cirurgia e terapias inovadoras. O bloco sobre Insuficiência Cardíaca encerrou o dia com debates sobre tratamento, monitoramento e novos estudos para o cuidado cardiovascular.

 

 

Congresso SOCERGS 2025

16 a 18 de Outubro

Centro de Eventos Wish Serrano Gramado

Realização: Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul

https://www.socergs.org.br/congresso2025/  

 

Redação: Marcelo Matusiak