11/09/2024

Inovações no uso de fluidos refrigerantes são destaque no Mercofrio 2024

Especialistas discutem normas de segurança e soluções sustentáveis para aumentar a eficiência e reduzir o impacto ambiental em sistemas de refrigeração e climatização

Um dos temas centrais discutidos no Mercofrio 2024 - 14º Congresso Internacional de Ar Condicionado, Refrigeração, Aquecimento e Ventilação, que acontece até quinta-feira (12/09), em Porto Alegre, foi o uso de fluidos refrigerantes em sistemas de refrigeração, com ênfase nas normas de segurança e nas preocupações ambientais. Com a crescente demanda por soluções mais eficientes e sustentáveis, especialistas ressaltaram a importância de substituir fluidos com alto potencial de aquecimento global por alternativas naturais e sintéticas de menor impacto. Durante o evento, foram apresentadas as principais normas regulatórias que visam garantir a segurança no uso de fluidos inflamáveis e tóxicos, além das inovações tecnológicas que promovem maior eficiência energética e redução de riscos em sistemas de climatização e refrigeração.

Uma das palestras abordou o uso do dióxido de carbono (CO2), também conhecido como R744, como alternativa sustentável no setor de refrigeração. A apresentação “CO2 (R744): Um Caminho Sem Volta”, conduzida por Daniel Becker, Diretor da Full Gauge Controls, ocorreu na tarde de quarta-feira (11/09). Becker destacou como o CO2 se apresenta como uma escolha ambientalmente responsável, com baixo impacto no aquecimento global e sem potencial para destruir a camada de ozônio. 

Estratégia Brasileira para a Emenda de Kigali

Outro ponto de destaque foi a discussão sobre o Plano de Implementação da Emenda de Kigali e a transição para tecnologias mais sustentáveis. A Emenda de Kigali foi aprovada em Ruanda, em outubro de 2016, como uma extensão do Protocolo de Montreal, que trata da proteção da camada de ozônio. No Brasil, a medida implica a adoção de ações para reduzir gradualmente o uso de hidrofluorcarbonetos (HFCs), substituindo-os por alternativas mais sustentáveis. O objetivo é reduzir a produção desses gases em até 85% até 2045, promovendo a transição para substâncias com menor potencial de aquecimento global (GWP).

O tema foi apresentado por Frank Amorim, Analista Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Engenheiro eletricista pela Universidade de Brasília (UnB), com especialização em gestão pública ambiental, Amorim detalhou a estratégia geral para o Plano de Implementação da Emenda de Kigali (KIP) no Brasil. O analista, que atua desde 2008 no MMA e é responsável pela coordenação do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), discutiu o processo de adequação do setor de refrigeração e climatização às novas regulamentações, destacando a importância da colaboração com os profissionais da área.

“Tivemos uma primeira reunião no KIP (Emenda de Kigali) realizada em 6 de março deste ano, no Ministério do Meio Ambiente. Nesse encontro, reunimos diversas agências e iniciamos a definição de um cronograma para a elaboração do plano de redução dos HFCs no Brasil. Atualmente, estamos em um processo intenso de interlocução com o setor, promovendo um diálogo constante com associações, empresas e outras entidades não governamentais. Estamos em contato com a ABRAVA, ASBRAV e muitas outras entidades como a Anfavea, por conta da discussão do ar-condicionado automotivo. Essa interlocução vem sendo conduzida com grande intensidade e cooperação entre todos os envolvidos”, disse.

Especialistas do PNUD, GIZ e UNIDO debatem avanços e desafios no combate aos Hidroclorofluorcarbonos

A Etapa III do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (Hidroclorofluorcarbonos) busca eliminar progressivamente o uso dos fluidos refrigerantes conhecidos por seus impactos prejudiciais na camada de ozônio e no aquecimento global. A iniciativa visa à transição para alternativas mais sustentáveis e eficientes no setor de climatização. Esse tema foi um dos destaques, também, na tarde de terça-feira (10/09). Ana Paula Leal, gerente de projetos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apresentou o escopo do Projeto para o Setor de Serviços: Recuperação, Reciclagem e Regeneração (R&R&R) e Assistência Técnica para o Setor de Ar Condicionado Comercial e Industrial, a ser implementado pelo PNUD dentro da Etapa III do PBH.

Outra convidada, Stefanie Von Heinemann, gerente de projetos do programa Proklima da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), abordou programas de treinamento e capacitação para técnicos, com foco na melhor contenção de fluidos refrigerantes.

Edgard Soares, consultor da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), discutiu boas práticas para o manuseio seguro de fluidos refrigerantes de baixo GWP e zero ODP, voltadas para a formação de estudantes de engenharia e técnicos em refrigeração.

Por fim, Sérgia Oliveira, gerente do projeto de Refrigeração e Ar Condicionado da UNIDO, detalhou a implementação da Etapa III do PBH, prevista para o período de 2024 a 2030.

Fluidos Refrigerantes e o Futuro da Climatização

A discussão sobre fluidos refrigerantes esteve no centro das atenções devido às crescentes preocupações ambientais e às novas regulamentações que exigem alternativas mais sustentáveis. A palestra de João Manuel Aureliano, formado em engenharia eletrônica em 2006, MBA Executivo em Gestão Empresarial em 2009 e pós-graduação em Segurança do Trabalho em 2013, destacou a busca por fluidos de baixo potencial de aquecimento global (GWP) e a necessidade de transição para tecnologias que minimizem o impacto ambiental. O convidado é entusiasta em novas tecnologias e nos importantes papéis exercidos pela eficiência energética, qualidade do ar, descarbonização e automação. A eficiência energética e a sustentabilidade foram abordadas como pilares para o futuro da climatização, com foco na inovação e na adaptação tecnológica para enfrentar os desafios do setor.

Uso de Fluidos Refrigerantes Inflamáveis

A palestra “Uso de Fluidos Refrigerantes Inflamáveis: Aplicação e Normas”, realizada na quarta-feira (11/09), discutiu a importância de seguir normas e boas práticas no uso de fluidos refrigerantes inflamáveis em sistemas de refrigeração. O tema foi apresentado pelo engenheiro mecânico David Fernando Marcucci Pico (MG), pesquisador de Pós-doutorado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Com ampla experiência na aplicação de fluidos refrigerantes de baixo impacto ambiental, Pico destacou que o uso de refrigerantes naturais, como substitutos para fluidos com alto potencial de aquecimento global, requer atenção especial às normas de segurança. O engenheiro explicou que os riscos associados a esses fluidos, como inflamabilidade, toxicidade e alta pressão, tornam essencial a aplicação correta das normas vigentes durante todas as fases da vida útil dos sistemas HVAC&R.

Amônia

A segurança em sistemas de refrigeração por amônia foi o foco de uma importante discussão durante o Mercofrio 2024. A palestra "Importância e Requisitos Mínimos Para Análise de Riscos em Sistemas de Refrigeração por Amônia", apresentada pelo diretor da IIAR Brasil, Vanderlei Giareta (SP), na quarta-feira (11/09), ressaltou a necessidade crítica de avaliações detalhadas de risco para garantir a segurança de operações que utilizam amônia como fluido refrigerante. Durante a sua fala, Giareta destacou que a amônia, embora seja uma escolha altamente eficiente e amplamente utilizada na indústria, exige cuidados redobrados devido às suas propriedades tóxicas e inflamáveis. Ele enfatizou que a análise de riscos deve englobar a identificação de possíveis vazamentos, falhas mecânicas e a implementação de medidas preventivas e de resposta a emergências. O objetivo principal é assegurar que os sistemas estejam conforme as regulamentações vigentes, protegendo tanto os trabalhadores quanto o meio ambiente.

Redação: Marcelo Matusiak


Legenda: Frank Amorim
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Frank Amorim
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Legenda: David Fernando Marcucci Pico
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Legenda: David Fernando Marcucci Pico
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Legenda: João Manuel Aureliano
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Legenda: João Manuel Aureliano
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Legenda: Etapa III do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Etapa III do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Etapa III do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Daniel Becker
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Daniel Becker
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Legenda: Vanderlei Giareta
Créditos: Juliana Matusiak
Legenda: Vanderlei Giareta
Créditos: Juliana Matusiak