Fechamento do TelessaúdeRS: AMRIGS une-se à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade contra o fim das operações
O fim do canal 0800 do TelessaúdeRS é visto como um prejuízo para todos os brasileiros: comunidade médica tem se mobilizado para reverter essa decisão
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) expressa profunda preocupação e descontentamento diante do anúncio do encerramento do TelessaúdeRS, serviço vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que cessou suas atividades no final de agosto após 11 anos de operação. O motivo alegado para o fechamento é a falta de financiamento por parte do Ministério da Saúde, conforme afirmam os coordenadores do programa. Essa decisão representa um grave retrocesso para a saúde pública brasileira, negando a milhares de profissionais e pacientes o acesso a um serviço que:
* Ampliou o acesso a especialistas, especialmente em áreas remotas;
* Fortaleceu a capacidade de resolução dos profissionais da Atenção Primária à Saúde;
* Contribuiu para a formação e atualização contínua dos profissionais de saúde;
* Melhorou a qualidade do atendimento e a experiência dos pacientes.
Um abaixo-assinado online já está circulando, solicitando a manutenção do TelessaúdeRS, além de várias sociedades médicas terem emitido declarações públicas de apoio à continuidade do serviço. O documento já conta com mais de 8 mil assinaturas e pode ser acessado através do link https://www.change.org/p/solicite-ao-minist%C3%A9rio-da-sa%C3%BAde-que-continue-financiando-o-telessa%C3%BAders-para-todo-o-brasil
Confira a Nota Oficial - Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) manifesta sua profunda preocupação com o recente encerramento do financiamento federal que permitia oferecer teleconsultorias para profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) em todo o Brasil. Desde sua criação em 2007, o TelessaúdeRS desempenhou um papel crucial no apoio a médicos e profissionais de saúde em todo o país, especialmente em áreas remotas, onde o acesso a especialistas é limitado. A iniciativa, pioneira na utilização de tecnologias de informação e comunicação para o fortalecimento da APS, tem contribuído significativamente para a melhoria da qualidade do atendimento e para a formação contínua dos profissionais de saúde.
Ao longo dos anos, o TelessaúdeRS tornou-se uma referência nacional e internacional. Foi responsável pela capacitação de profissionais de APS que atuam como teleconsultores, supervisores e pessoal administrativo, estruturando processos educacionais e produzindo material técnico para suporte desses profissionais. Durante seu funcionamento, o serviço realizou mais de 450 mil consultorias e atendeu mais de 26 mil profissionais em todo o Brasil. Através das mais de 1000 consultorias semanais, os profissionais da APS ampliaram sua capacidade de resposta e aumentaram sua resolutividade, evitando encaminhamentos desnecessários a especialistas e fortalecendo a capacidade de resolução da APS. Isso se traduz em um uso mais racional dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e na promoção de uma atenção mais centrada no paciente. O término do financiamento federal ameaça desmantelar anos de progresso e inovação, encerrando uma oferta crucial para os profissionais da APS brasileira.
A SBMFC acredita que o desinvestimento no serviço representa um retrocesso no fortalecimento da APS, pilar essencial para a equidade e universalidade do SUS. A capacidade de resposta rápida e eficiente que o TelessaúdeRS proporciona é fundamental para enfrentar os desafios de saúde pública em um país continental como o Brasil. Além disso, o serviço desempenha um papel importante na capacitação e atualização de médicos de família e comunidade, promovendo práticas baseadas em evidências. A continuidade desse serviço é essencial para garantir que a população brasileira, principalmente as comunidades mais vulneráveis, continue a ter acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Diante desse cenário, a SBMFC está em diálogo com o Governo Federal, acionando e articulando o Ministério da Saúde, especialmente a Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI), para esclarecer a política atual de financiamento de iniciativas de telemedicina que contemplem todo o território nacional, bem como a decisão de não renovar o contrato de financiamento do TelessaúdeRS. A SBMFC reitera seu compromisso em defender a APS como a base do sistema de saúde brasileiro e em apoiar iniciativas que promovam a saúde e o bem-estar de todos os brasileiros.
Redação e coordenação: Marcelo Matusiak