16/05/2025

Especialistas refletem sobre os desafios da adolescência e os impactos do isolamento digital

Profissionais da saúde analisam o papel das redes sociais e a importância de modelos positivos para jovens

O seriado Adolescência se tornou um fenômeno ao explorar os desafios emocionais e sociais que marcam a transição para a vida adulta. Com histórias que abordam temas como ansiedade, isolamento digital e a busca por identidade, a série tem provocado reflexões profundas entre pais e responsáveis, que frequentemente se deparam com questões delicadas do crescimento de seus filhos. O tema foi abordado no XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria no Centro de Convenções Barra Shopping, que acontece entre 15 e 17 de maio. O evento é uma realização da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul.
 
“Cada um de nós carrega suas próprias percepções, e é justamente desse julgamento que surgem os sentimentos que nos tocam profundamente. Imagino que a experiência de refletir sobre isso tenha provocado alguma introspecção em cada pai ou responsável”, observa o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), José Paulo Ferreira.
 
O isolamento digital é um dos grandes desafios. Segundo Renato Coelho, médico pediatra do Desenvolvimento e Comportamento e membro do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da SPRS, a falsa sensação de segurança proporcionada pelo ambiente virtual pode ser tão perigosa quanto a exposição física sem supervisão.
 
“Nossas crianças e adolescentes estão cada vez mais imersos em mundos virtuais, isolados em ambientes digitais que, embora pareçam seguros, podem ser tão solitários quanto ficarem sozinhos em uma praça vazia. Muitos pais se tranquilizam ao ver os filhos em casa, mas esquecem que a presença física não substitui a conexão emocional. Ficar horas a fio em frente a uma tela, sem interação real, não oferece o toque, o cheiro ou o calor humano que são fundamentais para o desenvolvimento saudável”, alerta.
 
As redes sociais, por sua vez, também exercem forte influência no comportamento jovem. Na avaliação do 
 
“Vejo as redes como aceleradoras e intensificadoras de processos. Elas amplificam comportamentos que sempre existiram, mas de forma mais rápida e intensa. Em uma sociedade que já apresenta sinais de doença, como a nossa, esses reflexos acabam se projetando com ainda mais força nas redes, criando uma espécie de espelho distorcido dos nossos próprios dilemas”, avalia o pediatra especialista na área de Desenvolvimento, Ricardo Sukienick, ressaltando a necessidade de um olhar crítico sobre esses ambientes digitais.
 
Além disso, é essencial que os jovens se sintam vistos e valorizados para desenvolverem uma autoestima saudável.
 
“Os adolescentes, muitas vezes, são invisíveis para a sociedade, notados apenas quando surge algum problema. Há anos, a ideia de realizar palestras em escolas parecia suficiente para impactá-los, mas é importante lembrar que eles se espelham em exemplos e precisam de modelos positivos para se inspirar e construir sua identidade. Por isso, é fundamental que nosso olhar sobre eles vá além dos desafios e também valorize suas potencialidades”, destaca Lilian Hagel, pediatra também especialista na áera de Desenvolvimento.
 
Diante desse cenário, os profissionais de saúde reforçam que é essencial que pais e responsáveis estejam atentos a esses sinais, promovendo conversas francas e momentos de conexão genuína, longe das telas, para que os jovens possam desenvolver relações saudáveis e seguras, tanto no mundo real quanto no digital.
 
Redação: Marcelo Matusiak
 

Legenda: Série Adolescência inspirou debate com especialistas em pediatria na área do Desenvolvimento
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Série Adolescência inspirou debate com especialistas em pediatria na área do Desenvolvimento
Créditos: Marcelo Matusiak
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Créditos: Marcelo Matusiak