16/05/2025

Entenda os principais distúrbios gastrointestinais em bebês e crianças

Especialistas destacam a importância do diagnóstico precoce e manejo adequado para garantir a saúde infantil

O refluxo gastroesofágico (RGE), a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e a constipação intestinal estão entre os distúrbios gastrointestinais mais comuns em bebês e crianças. Embora possam causar preocupação, muitos desses problemas são autolimitados e podem ser controlados com abordagens conservadoras, evitando tratamentos invasivos. O tema foi abordado no XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria no Centro de Convenções Barra Shopping, que acontece entre 15 e 17 de maio. O evento é uma realização da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul.

O RGE, por exemplo, é caracterizado pelo retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, um processo normal em muitas crianças, especialmente lactentes.

“Precisamos pensar muito mais em estratégias de tratamento conservador para APLV do que em diagnósticos precipitados de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) em lactentes. É essencial evitar o uso de terapias invasivas, difíceis de retirar e com potenciais efeitos adversos nessa faixa etária, já que o refluxo em bebês é, na maioria dos casos, uma condição passageira e autolimitada”, afirmu a médica Luiza Nader (RS).

A APLV é outra condição comum, que afeta cerca de 2% a 3% dos bebês e crianças pequenas, sendo a alergia alimentar mais prevalente até os 24 meses de idade. Essa reação alérgica ao leite de vaca pode causar sintomas variados, como problemas gastrointestinais, dermatológicos e respiratórios. No entanto, a médica Renata Rostirola Guedes (RS) alerta que não é recomendada a restrição alimentar para gestantes e lactantes como forma de prevenção.

“Esse tipo de restrição pode trazer sérios prejuízos nutricionais tanto para a mãe quanto para o bebê e não possui comprovação científica”, destacou.

A constipação intestinal é uma das queixas mais frequentes nos consultórios pediátricos, afetando entre 4% e 30% das crianças, com maior prevalência entre pré-escolares. Na maioria dos casos, trata-se de um transtorno funcional, sem uma causa orgânica clara, que pode se manifestar já no primeiro ano de vida, antes mesmo do início do treinamento evacuatório. Segundo a médica Juliana Cristina Eloi (RS), alguns sinais de alerta exigem atenção especial, como o atraso na eliminação do mecônio em recém-nascidos, sintomas persistentes desde o primeiro mês, vômitos biliosos, febre, baixo ganho de peso e alterações neurológicas ou na coluna lombar. Além disso, a presença de sangue nas fezes, tufo de pelos na região sacral e fístulas perineais podem indicar condições mais graves, que requerem avaliação médica imediata.
 
Já a dor abdominal crônica (DAC) é outro motivo comum de preocupação para pais e profissionais de saúde, sendo responsável por uma parcela significativa das consultas pediátricas. Conforme destaca a médica Marilia Dornelles Bastos (RS), a frequência desse sintoma pode variar entre 0,5% e 19% na população infanto-juvenil, dependendo da faixa etária e dos critérios diagnósticos adotados. Os dados mostram dois picos de maior ocorrência: entre 4 e 6 anos e entre 7 e 12 anos. Nos serviços de emergência pediátrica, esses casos representam até 10% dos atendimentos, tornando fundamental uma avaliação precisa e rápida para identificar possíveis causas orgânicas ou funcionais e direcionar o tratamento adequado.

Redação: Marcelo Matusiak

 


Legenda: Dra. Renata Rostirola Guedes
Créditos: Marcelo Matusiak
Legenda: Dra. Marília Dorneles Bastos
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Legenda: Dra. Juliana Cristina Eloi
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Legenda: Dra. Luiza Nader
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