Diagnóstico e prevenção da anemia infantil são fundamentais nos primeiros anos de vida
Cansaço, palidez e irritabilidade podem indicar o distúrbio, que afeta o desenvolvimento e o rendimento escolar infantil
A anemia é um dos distúrbios sanguíneos mais comuns na infância e requer diagnóstico e tratamento precoces para evitar complicações. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição é caracterizada por níveis de hemoglobina abaixo de 11 g/dl em crianças menores de seis anos e de 11,5 g/dl entre seis e onze anos. O tipo mais frequente é a anemia ferropriva, causada pela deficiência de ferro — nutriente essencial à produção de glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio no organismo.
De acordo com a hematologista associada à Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Dra. Liane Esteves Daudt, os primeiros anos de vida representam o período de maior vulnerabilidade.
“Nos dois primeiros anos, o crescimento acelerado e a transição alimentar aumentam a demanda por ferro. Crianças com baixo peso ao nascer, desmame precoce ou alimentação inadequada estão mais suscetíveis à deficiência do nutriente”, explica a médica.
Entre os sinais que devem despertar a atenção dos pais estão palidez, cansaço, sonolência, irritabilidade e dificuldade de aprendizado. Outras manifestações possíveis incluem unhas frágeis, feridas nos cantos da boca (queilite) e maior propensão a infecções.
“Esses sintomas nem sempre são específicos, por isso é essencial que os responsáveis busquem avaliação médica sempre que houver suspeita”, reforça a especialista.
O diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais, e o acompanhamento pediátrico é indispensável para detectar precocemente alterações no desenvolvimento.
“Nem sempre é necessário solicitar exames de sangue de forma rotineira, mas o pediatra deve estar atento aos fatores de risco. Em casos suspeitos, a investigação deve ser imediata para evitar o agravamento do quadro”, orienta a Dra. Liane.
A médica ressalta ainda que a carência de ferro desencadeia um ciclo prejudicial à saúde da criança: o nutriente em falta reduz o apetite, enfraquece o sistema imunológico, aumenta a vulnerabilidade a infecções e prejudica o desempenho escolar, comprometendo também o desenvolvimento neuropsicomotor.
Redação: Rafael Sodré
