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O último dia do Congresso SOCERGS, realizado em Gramado, destacou discussões relevantes na área da cardiologia e saúde do coração. A manhã começou com os coordenadores Fábio Michalski e Fernando Lucchese, que apresentaram um resumo das diretrizes mais significativas publicadas no último ano. Flávio Danni Fuchs trouxe novas orientações relacionadas ao controle da hipertensão arterial, enquanto Leandro Ioschpe Zimmerman discorreu sobre as recomendações para o manejo da fibrilação auricular.

 

Oscar Pereira Dutra destacou as orientações importantes para o tratamento de síndromes coronarianas agudas, e João Carlos Vieira da Costa Guaragna compartilhou diretrizes recentes sobre endocardite. Paulo Ricardo Avancini Caramori apresentou informações sobre o manejo eficaz de pacientes com síndrome coronária crônica, enquanto Félix José Alvarez Ramires abordou as orientações específicas para cardiomiopatia hipertrófica. Mauro Pontes discutiu a gestão cardiovascular em pacientes diabéticos, e Luciano Cabral Albuquerque encerrou a sessão com uma palestra sobre as diretrizes relacionadas à doença arterial periférica e à aorta.

 

 

As tragédias ambientais no Brasil têm se tornado cada vez mais frequentes, gerando consequências devastadoras não apenas para o meio ambiente, mas também para a saúde pública. Entre os diversos impactos, destaca-se a deterioração da saúde cardiovascular, com aumento de casos de doenças relacionadas ao estresse, poluição e mudanças no estilo de vida. Eventos como deslizamentos de terra, enchentes e incêndios florestais desencadeiam um ciclo de insegurança e sofrimento emocional que afeta diretamente o bem-estar cardiovascular dos indivíduos.

 

Para debater o assunto, o Congresso SOCERGS trouxe uma mesa multidisciplinar do simpósio de especialidades em cardiologia, coordenada por João Pedro Almeida.

 

Raphael Boesche Guimarães explorou as implicações das catástrofes para a saúde do coração, enquanto Marco Saffi apresentou estratégias para mitigar riscos cardiovasculares em situações de crise. O convidado destacou a importância de desenvolver ações preventivas frente a desastres naturais e outras catástrofes, citando o recente caso no Rio Grande do Sul.

 

“O impacto cardiovascular direto, principalmente entre os pacientes que perderam acesso à medicação e aos postos de saúde, pode resultar em desfechos desfavoráveis a médio e longo prazo”, alertou Saffi.

 

Na palestra “Regulação emocional e variabilidade da frequência cardíaca no transtorno de estresse pós-traumático”, o psicólogo Rafael Capaverde Bulla destacou a importância de estratégias adaptativas e desadaptativas na gestão emocional dos pacientes.

 

“Ferramentas como a reavaliação e a colocação em perspectiva podem ajudar no manejo do estresse, enquanto a ruminação e a catastrofização tendem a perpetuar os sintomas”, explicou Bulla.

 

Anelise Sivieiro Ribeiro falou sobre como garantir a segurança alimentar durante catástrofes ambientais, e Fabricio Fontoura destacou o papel do fisioterapeuta em cenários de catástrofe. Por fim, Lidiane Stochero apresentou desafios e estratégias para manter a atividade física em ambientes adversos.

 

O Congresso SOCERGS, que ocorreu de 10 a 12 de outubro, consolidou-se como um importante espaço de troca de conhecimentos e experiências entre especialistas, contribuindo para o avanço da cardiologia no Brasil.

 

 

O Simpósio da Sociedade Gaúcha de Cirurgia Cardiovascular (SGCCV) abordou inovações cirúrgicas e endovasculares, explorando técnicas minimamente invasivas, proteção cerebral e comparações entre procedimentos.

 

O primeiro palestrante, Christiano da Silveira de Barcellos, apresentou o tema da dissecção aguda de aorta. Sua apresentação ressaltou a importância de técnicas minimamente invasivas e a rapidez no diagnóstico e no tratamento. Em seguida, Marcela da Cunha Sales discutiu a correção do aneurisma da raiz da aorta com preservação da válvula aórtica. Ela apresentou casos clínicos e comparou as vantagens e desvantagens das abordagens cirúrgicas existentes.

 

Luciano Cabral Albuquerque trouxe à tona a proteção cerebral como um aspecto crucial no tratamento das patologias da aorta. Com novas evidências, ele enfatizou como a proteção cerebral pode reduzir complicações neurológicas durante procedimentos cirúrgicos. O especialista apresentou novas evidências que reforçam a importância da perfusão cerebral durante os procedimentos.

 

“A parada cardíaca profunda com hipotermia é segura por até 30 minutos, mas em casos de substituição total do arco aórtico, a hipotermia moderada com perfusão cerebral anterógrada oferece resultados superiores”, explicou Albuquerque.

 

Por fim, Renato Abdala Karam Kalil abordou as evidências emergentes para a prevenção da dissecção de aorta. Ele apresentou dados recentes que sustentam intervenções precoces e o manejo de fatores de risco como fundamentais na diminuição da incidência dessa condição crítica.

 

No segundo bloco, coordenado pela Dra. Débora Klein, o simpósio iniciou com a discussão sobre o tratamento de lesões no tronco da coronária esquerda, comparando a cirurgia com o tratamento percutâneo. Na sequência, o debate sobre a estenose aórtica focou na comparação entre os procedimentos TAVI e SAVI. A Dra. Ana Paula Tagliari contribuiu com uma análise do tratamento da insuficiência mitral, comparando o uso do MitraClip com a plástica valvar mitral.

 

Para finalizar, o Dr. Rodrigo Villanova Brasil destacou as vantagens e as evidências científicas da cirurgia cardíaca minimamente invasiva, comparando-a ao acesso convencional.

 

 

O simpósio promovido pelo Departamento de Insuficiência Cardíaca (DEIC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia, coordenado por Luis Beck da Silva Neto, contou com a participação de debatedores como Felix José Alvarez Ramires e Luis Eduardo Rohde. Os apresentadores, incluindo Andreia Biolo e Fernando Luis Scolari, trouxeram à tona discussões pertinentes sobre o diagnóstico e o tratamento adequado. Além das exposições, o público acompanhou a palestra de Felix José Alvarez Ramires, que discutiu o papel contemporâneo do especialista em insuficiência cardíaca no contexto da equipe médica.

 

Entre os temas mais instigantes, destacaram-se as abordagens sobre o diagnóstico de IC em pacientes com fenótipo obeso e hipertensão, o manejo de cardiomiopatia hipertrófica. A discussão também envolveu o papel do especialista em IC avançada e a integração de terapias, como o uso de dispositivos elétricos e a avaliação de fragilidade em pacientes candidatos a transplante.

 

 

A atividade integrante da programação do Congresso SOCERGS discutiu valores morais, mentais e emocionais que norteiam pensamentos, comportamentos e atitudes nas circunstâncias da vida de relacionamento intra e interpessoal. O debate, sob a moderação de Fábio Michalski Velho e Mário Borba, iniciou com as discussões sobre o FEEL Trial, um ensaio clínico randomizado em espiritualidade que tem revolucionado a compreensão da hipertensão arterial (HA).

 

Cícero de Campos Baldin, Marcelo Rava de Campos, Oscar Pereira Dutra, Andrea Mabilde Petracco e Carolina Giusti Buzo discutiram diversos aspectos que emergiram do estudo, começando pelo que muda no entendimento da fisiopatologia da hipertensão arterial e as questões levantadas pela pesquisa. Além disso, foram exploradas as consequências da intervenção terapêutica baseada no perdão, tanto sob a perspectiva dos médicos quanto dos pacientes. Os debatedores também se aprofundaram na aplicação dessa abordagem em contextos além da hipertensão, abordando outras intervenções fundamentadas na espiritualidade.

 

 

O diabetes é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e recebeu um espaço exclusivo para debates no Congresso SOCERGS. Sob a coordenação de Euler Manenti, do Rio Grande do Sul, começou com a palestra de Roberto Estrazulas Mayer. Na sequência, Andrea Bauer apresentou o tema da Síndrome Cardio-Renal-Metabólica (CRM), condição complexa que envolve a interconexão entre várias doenças e a obesidade.

 

“A síndrome CRM é um distúrbio de saúde causado por conexões entre doenças cardíacas, doenças renais, diabetes e obesidade, levando a resultados de saúde desfavoráveis. Mesmo que obesos não apresentem diabetes, hipertensão ou doenças renais, continuam expostos a um risco maior de mortalidade cardiovascular. Portanto, esse conceito de obesidade saudável é equivocado”, explicou Bauer, reforçando a importância de estratégias multidisciplinares para o seu combate.

 

Ricardo Santos Holthausen falou sobre a "Doença Hepática Metabólica", destacando a importância de reconhecer e tratar esse quadro para prevenir desfechos adversos.

 

Luciano Ceolin Rosa apresentou o "Tratamento da Obesidade: novos fármacos e cirurgia", discutindo inovações terapêuticas disponíveis e suas aplicações práticas.

 

O especialista discorreu sobre os estudos a respeito da Semaglutida, medicação que tem apresentado resultados favoráveis.

 

“Pela primeira vez, temos um medicamento que proporcionou uma perda de peso semelhante à da cirurgia bariátrica, em torno de 23%, chegando a 22,5% de redução de peso.”

 

Como ressalva, a apresentação detalhou estudos relacionando a riscos oftalmológicos em pacientes específicos, que exigem um acompanhamento.

 

Para encerrar, Mauro Pontes discutiu "Como reduzir desfechos cardiovasculares na obesidade?" e ressaltou o impacto significativo das doenças cardiovasculares na mortalidade de pacientes obesos.

 

“Cerca de 65% do aumento na mortalidade está relacionado a doenças cardiovasculares. Em homens obesos, a incidência de eventos adversos de mortalidade cardiovascular aumenta três vezes, enquanto em mulheres obesas esse risco é 2,5 vezes maior”, afirmou Pontes, destacando a necessidade de foco na prevenção cardiovascular para essa população.

 

 

Durante a cerimônia de encerramento, foram premiados os melhores temas livres orais e pôsteres, reconhecendo as importantes contribuições de especialistas. Ao todo, 580 trabalhos foram submetidos para uma seleção criteriosa, dos quais 446 foram destinados ao congresso e 134 aos simpósios de especialidades. As apresentações ocorreram nos formatos oral e pôster.

 

 

Congresso SOCERGS 2024

10 a 12 de Outubro

Centro de Eventos Wish Serrano Gramado

Realização: Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul

https://www.socergs.org.br/congresso2024/ 

 

Redação: Marcelo Matusiak