03/05/2024
Cenário é crítico no transporte de cargas devido às cheias no Rio Grande do Sul
Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul (SETCERGS) manifesta preocupação com o quadro atual e previsão de ainda mais chuvas no estado
As fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o início da semana têm causado um impacto devastador no transporte rodoviário de cargas e logística do estado. Com 40 trechos de rodovias federais totalmente interditados e 130 pontos com tráfego restrito nas estradas estaduais, a situação é grave.
“Estamos enfrentando repetidas enchentes, seguidas e estiagens em um único ano. Como podemos lidar com isso? As mercadorias paradas, os caminhões inativos - todo o ônus de cumprir os compromissos assumidos recai diretamente sobre os transportadores. Estamos vivenciando um momento de extrema dificuldade para os transportadores e para nossos embarcadores, especialmente os produtores rurais”, afirma o presidente do SETCERGS, Sérgio Mário Gabardo.
Uma extensão de 93 quilômetros está totalmente impedida de tráfego de veículos na BR-386, entre Lajeado e Soledade. O diretor efetivo do SETCERGS, Eduardo Luiz Richter, conta que cenas são assustadoras.
“A cidade de Lajeado testemunha uma crise sem precedentes, com as inundações transformando ruas em um cenário de caos. As pessoas estão correndo para os postos de combustível e supermercados em busca de suprimentos. Há relatos de prateleiras vazias nos mercados. Além de Lajado, cidades vizinhas enfrentam isolamento e graves problemas devido às enchentes. As autoridades locais devem agir com urgência, mobilizando recursos como helicópteros para resgatar pessoas presas em telhados e áreas alagadas, pois o risco de perdas humanas é iminente. As empresas locais aqui estão fazendo o possível para ajudar, mobilizando recursos e oferecendo apoio logístico para o transporte de alimentos e suprimentos básicos para as áreas mais afetadas”, detalhou.
Na região de Agudo, Santa Maria e na área adjacente da 4ª Colônia, como Candelária e Caxias do Sul, a situação é de isolamento por terra. As estradas estão interrompidas, impossibilitando o deslocamento entre cidades vizinhas, como Agudo e Dona Francisca, que estão separadas por apenas 10 km, mas agora estão inacessíveis devido a pontes caídas e estradas danificadas. Até mesmo as áreas rurais estão isoladas, dificultando o acesso às famílias que vivem em áreas mais elevadas, como nas encostas dos morros. Algumas pessoas têm recorrido a motocicletas off-road para buscar alternativas de comunicação e acesso.
O vice-presidente de Responsabilidade Social do SETCERGS, Gustavo Bernardini, relata que o dia transcorreu sem sinal de internet, telefone ou comunicação, deixando a população completamente incomunicável.
“O Rio Jacuí transbordou, atingindo níveis históricos de inundação. As principais rodovias, como a RSC 287, estão bloqueadas em vários pontos, impedindo qualquer movimento, seja nas estradas principais ou nas vias secundárias. Essa situação caótica afetou significativamente a logística da região, resultando em desabastecimento de combustível, água e alimentos perecíveis, como ovos, frutas e verduras. O clima tem dificultado ainda mais as operações de resgate com helicópteros da Força Aérea e do Exército para sobrevoar as áreas afetadas e resgatar as pessoas isoladas. A esperança é que o tempo melhore para permitir operações de resgate”, disse.
Redação: Marcelo Matusiak