Cardio-oncologia em foco: GECO promove fórum sobre desafios e avanços no cuidado cardiovascular de pacientes com câncer
Especialistas debateram imunoterapia, manejo da dor torácica e prevenção da cardiotoxicidade durante o Congresso SOCERGS 2025
A integração entre cardiologia e oncologia marcou o Fórum do GECO (Grupo de Estudos em Cardio-Oncologia), realizado na sexta-feira (17/10) durante o Congresso SOCERGS, no Centro de Eventos Wish Serrano, em Gramado. O encontro reuniu especialistas para debater os principais desafios e avanços na detecção e manejo das complicações cardiovasculares associadas aos tratamentos oncológicos.
Entre os temas abordados, estiveram os impactos da imunoterapia sobre o sistema cardiovascular, o manejo da dor torácica em pacientes com câncer, o uso da imagem avançada para detectar precocemente a cardiotoxicidade e as estratégias preventivas relacionadas à terapia de privação androgênica no câncer de próstata.
A médica cardiologista Dra. Vanessa Santos dos Santos destacou o avanço das imunoterapias e a ampliação de suas indicações clínicas na oncologia moderna. Segundo ela, o campo tem evoluído de forma acelerada, com novas terapias surgindo a partir de descobertas científicas que modulam o sistema imunológico no combate ao câncer.
“A comunidade científica vem aprofundando esse conhecimento e, desde 2011, passamos a ter aprovações pelo FDA. A primeira foi para o tratamento do melanoma com o anti-CTL-A4, um inibidor do imuno checkpoint. Desde então, houve um crescimento constante nas indicações das imunoterapias, que hoje abrangem vários tipos de câncer. Inicialmente voltadas a casos metastáticos e avançados, essas terapias agora têm uso mais precoce, como no câncer de mama triplo negativo, em tratamentos neoadjuvantes ou adjuvantes”, explicou.
O médico cardiologista Dr. Euler Roberto Fernandes Manenti abordou os desafios no diagnóstico e no manejo da dor torácica em pacientes com câncer, destacando que sintomas cardíacos típicos podem ser subestimados nesse grupo, o que compromete a precisão diagnóstica. Segundo ele, é essencial manter um olhar clínico atento e criterioso diante de queixas compatíveis com dor de origem cardíaca.
“Na maioria das vezes, a gente não deve subestimar um paciente com câncer que apresenta uma dor clássica, porque isso realmente nos leva a um diagnóstico muito mais assertivo. A irradiação da dor — para o ombro, o braço esquerdo ou o pescoço — tem um significado clínico importante e não deve ser ignorada”, ressaltou.
O médico cardiologista Dr. Felipe Paulitsch destacou, em sua palestra, a importância de métodos de imagem cardiovascular avançada para o diagnóstico precoce da cardiotoxicidade induzida por quimioterapia. Ele enfatizou que a avaliação da função cardíaca deve ir além da simples mensuração da fração de ejeção, permitindo identificar alterações subclínicas antes que ocorram danos irreversíveis ao miocárdio.
“A mensagem central da minha palestra é exatamente essa: precisamos ir além da fração de ejeção. Quando ela começa a se alterar, o dano miocárdico já está bem estabelecido. E, quando esse dano se torna extenso, muitas vezes é necessário reduzir a dose ou até suspender a quimioterapia”, explicou.
O Fórum GECO mostra o papel da SOCERGS na difusão científica e na integração entre especialidades médicas, fortalecendo o compromisso com a inovação e o cuidado integral em cardiologia.
Serviço
Congresso SOCERGS 2025
16 a 18 de Outubro
Centro de Eventos Wish Serrano Gramado
Realização: Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul
https://www.socergs.org.br/congresso2025/
Redação: Marcelo Matusiak
 
								 
								 
								 
								 
								