Calendário vacinal garante proteção integral em todas as fases da vida e reforça papel estratégico na saúde pública
Ciclo de Palestras promovido pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) e AMRIGS reuniu especialistas para discutir avanços da imunização e os desafios diante da volta de doenças importantes no país
A atualização do Calendário de Imunização da Criança foi o tema central do Ciclo de Palestras realizado em 27/09, pela manhã, no auditório da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). O encontro, promovido pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) em parceria com a AMRIGS, ocorreu de forma híbrida, gratuito e aberto ao público. O objetivo foi reforçar a importância da vacinação em todas as fases da vida, apresentar os avanços científicos mais recentes e debater estratégias para manter altas coberturas vacinais no Brasil.
Na abertura do encontro, o presidente do Conselho de Representantes da AMRIGS, Dr. José Renato Guimarães Grisólia, ressaltou que as vacinas mudaram profundamente o cenário das doenças infecciosas, reduzindo enfermidades que marcaram gerações. Segundo ele, a imunização foi decisiva em momentos históricos, mas o país ainda enfrenta o desafio do retorno de doenças já controladas, o que reforça a importância do debate científico contínuo.
O médico Benjamin Roitman, membro da diretoria da SPRS, destacou o diferencial brasileiro em relação a outros países.
“Algumas pessoas não sabem, mas nos Estados Unidos e na Europa muitas vacinas não são oferecidas sem custo. Lá, os planos de saúde pagam algumas e outras precisam ser compradas. No Brasil, nós temos todas as vacinas gratuitas, além dos soros e imunoglobulinas. Isso é uma estratégia fundamental, usada inclusive em casos como o vírus sincicial respiratório e tantas outras. E quero lembrar que o calendário contempla todas as fases da vida: criança, adolescente, adulto, idoso e gestante”, afirmou.
O pediatra Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e palestrante do evento, chamou a atenção para o papel coletivo das vacinas conjugadas.
“As vacinas conjugadas são completamente diferentes das vacinas polissacarídicas. Elas eliminam o estado de portador, ou seja, o indivíduo imunizado não transmite mais aquela bactéria para outras pessoas. É por isso que a imunização contra meningite no adolescente, que é o principal portador, é tão estratégica. O mesmo ocorre com a pneumocócica nas crianças: se eu tiver uma alta cobertura infantil, vou impactar todas as faixas etárias, inclusive os idosos. Ou seja, quando vacino a criança, não protejo apenas ela, mas também reduzo o risco da doença em toda a comunidade”, ressaltou.
O debate ganhou ainda mais relevância com o alerta para o retorno do sarampo em 2025. Entre as Semanas Epidemiológicas (SE) 1 e 35, o Ministério da Saúde confirmou 24 casos esporádicos no país, a maioria em pessoas sem histórico vacinal. Parte deles foi classificada como importada, reforçando o risco de reintrodução do vírus no território nacional.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), referência mundial, distribui anualmente cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos e mantém aproximadamente 38 mil salas de vacinação em funcionamento. O calendário contempla todas as fases da vida, assegurando proteção integral e contínua da população.
A vigilância epidemiológica também foi lembrada como pilar essencial para o controle das doenças. A Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória, atualizada pelo Ministério da Saúde, prevê que os Eventos Adversos Pós-Vacinação (ESAVI) graves sejam comunicados em até 24 horas pela plataforma notifica.saude.gov.br. Esses registros alimentam o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), garantindo políticas públicas baseadas em evidências.
Redação: Marcelo Matusiak