05/11/2025

Associação Parkinson do Rio Grande do Sul: movimento, acolhimento e informação em favor da qualidade de vida

Com duas décadas de dedicação, a APARS se firma como referência no apoio e conscientização sobre a Doença de Parkinson

Fundada em 2003 por Angela Maria Possebon Garcia, a Associação Parkinson do Rio Grande do Sul (APARS) nasceu da intenção de transformar um grupo de apoio em uma instituição estruturada e atuante. Antes mesmo da formalização com estatuto, a Associação já funcionava de maneira espontânea, com sua fundadora, que convive com a Doença de Parkinson, reunindo pessoas diagnosticadas e seus familiares.

Duas décadas depois, a APARS se consolida como uma importante referência no Estado, com ações voltadas ao acolhimento, à informação e à promoção do movimento. Desde os primeiros anos, Neusa Maria Chardosim lidera a organização, destacando que o maior desafio ainda é o preconceito. Segundo ela, muitos pacientes sentem vergonha do diagnóstico, o que reforça a importância de iniciativas de conscientização.

“A comunidade ainda não lida bem com a doença. Parte do nosso papel é mostrar que ninguém tem culpa de ter Parkinson, qualquer um pode ter. O importante é aprender a conviver da melhor forma possível”, destaca. Com o objetivo de promover a compreensão e facilitar a identificação, a APARS confecciona carteirinhas e incentiva o uso do cordão com a tulipa vermelha, símbolo internacional do Parkinson.

Sediada em Porto Alegre e apoiada pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), onde acontecem suas atividades regulares, a entidade vive um momento de expansão e interiorização. Conta com núcleos em Santa Maria, com cerca de 30 membros, e em Santa Cruz do Sul, com seis integrantes. Além da presença em Passo Fundo e Pinhal, possui planos de retomada em Montenegro e a perspectiva de chegar também a Pelotas. Este movimento busca ampliar o alcance das ações e aproximar o suporte oferecido a pessoas com Parkinson que vivem fora da capital gaúcha.

As atividades presenciais da Associação acontecem às terças e quintas-feiras na AMRIGS e envolvem grupo de apoio, caminhada nórdica, fonoaudiologia, dança, gerontomotricidade, arteterapia, aulas de italiano e orientação nutricional. Todas as ações buscam estimular o corpo e a mente, combatendo a rigidez e o isolamento que muitas vezes acompanham a doença.

Entre as iniciativas celebradas está a dança, conduzida pela professora e voluntária Eduarda Hahn Sorgato. Ela explica que o trabalho vai além dos benefícios físicos.

“Além do convívio social, eles se apoiam muito. Trabalhamos equilíbrio, marcha, força, coordenação e memória. Isso tudo impacta também na depressão e na ansiedade”, comenta.

Os exercícios são adaptados conforme as limitações de cada participante, priorizando segurança e evolução.

“Começamos na cadeira, para eliminar o risco de queda, e trabalhamos em ritmo mais lento, até que o corpo vá ganhando confiança. A principal evolução é ver que, quando eles respondem mais rapidamente à dança, também passam a reagir melhor nas atividades do dia a dia.”

Outra atividade que conquistou os associados é o tênis de mesa, coordenado por Luiz Carlos Fernandes Leal, bancário e tesoureiro da APARS, diagnosticado em 2022. O esporte ajuda a aprimorar reflexos, força, agilidade e amplitude da visão.

“Hoje eu sou feliz por causa do Parkinson. Eu vou carregar essa doença até o fim dos meus dias, mas atualmente tenho amigos que não se acaba mais. Aprendemos a conviver de forma leve, com socialização e alegria”, afirma.

A dedicação ao esporte levou o grupo a participar do 5º Torneio de Ping Pong Parkinson Brasil Open, realizado em 1º de novembro de 2025, na sede da Associação Brasil Parkinson, em São Paulo, com uma equipe formada por até cinco atletas e delegação de oito pessoas no total. Os resultados foram ótimos: 1º lugar na categoria A masculina, além do 2º e 3º lugares na categoria B masculina, e o 1º lugar na categoria feminina.

A rotina da APARS é marcada por histórias de superação e pertencimento. O nigeriano Philips Akpoezi Onwawoma, de 78 anos, vive em Porto Alegre há mais de quatro décadas e faz parte da Associação desde 2012. Entusiasta das atividades de dança, fisioterapia e tênis de mesa, ele resume sua filosofia de vida em uma palavra: movimento.

“O Parkinson parado complica. Sempre temos que nos mover, com música, leitura, alongamento. Minha mensagem é: movimento é vida.”

Também inspiradora é a trajetória de Angela Maria de Mello, 69 anos, que acompanha o marido Philips nas atividades e vê na Associação um espaço de esperança.

“Quando ele foi diagnosticado, não havia apoio. Hoje a APARS representa vida para ele e para mim. Eles fazem exercícios, socializam, riem, choram juntos. É um acolhimento verdadeiro. E o Parkinson não é ficar sentado, é mexer, mexer e mexer”, conta.

Para Neusa Chardosim, a parceria com a AMRIGS tem sido essencial para o fortalecimento das ações. Ela ressalta a importância desse apoio:

“Temos um bom espaço, boas condições de horários e estrutura. A AMRIGS foi fundamental para o nosso crescimento e para o bem-estar dos associados.”

Com o compromisso de combater o preconceito, promover o movimento e oferecer suporte humano e técnico de qualidade, a Associação Parkinson do Rio Grande do Sul consolida sua missão de mostrar que é possível conviver com o Parkinson de maneira digna, ativa e solidária. Mais do que um espaço de tratamento, a APARS representa um lugar de pertencimento, aprendizado e confiança.

Redação: Ana Carolina Lopes

 


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Créditos: Ana Carolina Lopes
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