AMRIGS alerta que foco de Frente Parlamentar na revalidação de diplomas não resolve falta de médicos e infraestrutura
Proposta reacende debate sobre formação médica e qualidade no atendimento à população
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) manifestou preocupação diante da criação da “Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Médicos Brasileiros Formados no Exterior e da Revalidação”, oficializada pelo Senado Federal no Diário Oficial da União do dia 12 de junho. A proposta visa acelerar o processo de reconhecimento de diplomas obtidos fora do país, sob o argumento de que isso aumentaria a presença de médicos em regiões desassistidas.
Para a entidade, o debate é legítimo, mas não pode ignorar pontos fundamentais para a segurança da população: a qualidade da formação, a competência ético-profissional e a real causa da desigualdade no acesso à saúde. O presidente da AMRIGS, Dr. Gerson Junqueira Jr., reforça que o problema do Brasil não é a falta de médicos, e sim a má distribuição desses profissionais, aliada à ausência de infraestrutura adequada.
“O que falta no interior do Amazonas, do Acre ou do Pará não é médico - é hospital bem equipado, é unidade básica com insumos e estrutura de suporte, é plano de carreira digno e atrativo que faça o profissional querer se fixar nessas regiões. Revalidar diplomas sem critérios não muda isso”, afirma.
Atualmente, segundo o estudo de Demografia Médica de 2025, desenvolvido pela Associação Médica Brasileira (AMB), o país conta com cerca de 650 mil médicos - número suficiente para atender toda nossa população, se bem distribuído. A AMRIGS também destaca que, tanto o Conselho Federal de Medicina (CFM) quanto os conselhos regionais já autorizam o exercício profissional de médicos formados no exterior, desde que sejam comprovados conhecimentos teóricos, habilidades clínicas e competências profissionais e éticas mínimos.
Redação: Marcelo Matusiak